tudo começou com uma antiga festa francesa, a Mi-carême, que acontecia no país desde o século XV, sempre no meio da quarentena – período que acontece a Páscoa.
Este modelo europeu inventou uma festa de “meia quarentena”, já que antes, o evento acontecia apenas em sua data oficial, no começo do ano. Seu objetivo era integrar a comunidade, sem seguir rigorosamente o dogma religioso de purificação durante quarenta dias antes do renascimento de Cristo. O primeiro contato brasileiro com o termo se deu na cidade baiana de Jacobina, em 1933, quando o jornal local “O Lidador” passou a estimular a realização de novas celebrações na cidade, inspirado pelo modelo francês. A pesar da folia ter sido divulgada nesse ano, havia um precursor que criou um dos primeiros blocos de rua do Estado em 1912.
Trata-se de Porcino Maffei um cidadão Italiano, que organizou os festeiros locais em um grupo batizado de “As Copas” que foi o primeiro bloco carnavalesco do Brasil. Neste período, municípios que hoje são referência na folia, como Salvador e Feira de Santana, nem mesmo tinham um projeto similar. Com a popularização local dos carnavais (fora de época) jacobinenses, em 1935, o mesmo periódico aportuguesou a Mi-carême (que significa literalmente, Meia-quarentena), transformando-a em Micareta, que viera ser conceituado como “carnaval fora de época”. Os jornalistas também sugeriram outros nomes, que ficaram menos conhecidos, como “Bicarnaval”, “Sertanejas Alegres” e “Refolia”.
Em 1936 foi registrado outro bloco os “Assassinos da Tristeza” que conforme o nome, reuniam diversas pessoas para acabar com a tristeza juntada durante o ano. A foto ao lado mostra esse registro feito por J. Rodrigues.
Essas fotos mais que nunca, deixam evidências que Jacobina originou a Micareta, e os instrumentos são comprovações das machinhas que eram tocadas naquela época. As fotos evidênciam imageticamente um pouco da dimensão e os estilos proporcionados pela festa. Segundo Almeida e Oliveira (s/d) nessa época a “filarmônica, ou sociedades musicais era que comandavam as festas”.
Em 1937, a cidade de Feira de Santana, localizada no interior baiano, também realizou sua primeira Micareta, graças a um grupo de cidadãos inconformados pela não realização do carnaval na região, motivada pelas fortes chuvas daquele ano.
Estes feirenses decidiram transferir o período do evento, reunindo inéditos blocos e escolas de samba fora da temporada tradicional, que desfilaram pelo centro da cidade equipado com 200 camarotes.
Até os anos 1990 a folia ficou restrita aos baianos, depois ganhou os holofotes em todo o Brasil e se transformou em uma “febre” entre os universitários e jovens em geral, de outros estados como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, entre outros.
Os responsáveis por essa popularização do evento foram conjuntos e músicos novos e veteranos do axé, que ganharam destaque no país durante a década de 1990, como Banda Eva, Chiclete com Banana, Netinho, Jamil e Uma Noite, É o Tchan, Asa de Águia, Araketu, Ivete Sangalo, entre outros. É importante ressaltar que todas essas bandas supracitadas já estiveram na Micareta de Jacobina.
No início esse festejo fazia parte de todas as áreas centrais da cidade, tendo como antecedente à micareta a “Lavagem do Beco do Lelinho” que perdurou diversos anos, além do baile vermelho e branco, hoje também extinto.
Atualmente, as Micaretas acontecem durante todas as épocas do ano no Brasil, com versões ao ar livre e também indoor (dentro de casas noturnas), mas sem abandonar suas tradições mais emblemáticas, como o trio elétrico, blocos com os abadás, pipocas e a animação típica do carnaval brasileiro. Em Jacobina, o festejo acontece geralmente no final do mês de abril ou início de maio.
Com a modernização dos trios elétricos, sendo estes cada vez maiores e mais potentes, o circuito que ficou por muito tempo na Praça Rio Brando à Praça da Castro Alves “Matriz” foi transferido. Hoje o evento acontece no circuito da Avenida Orlando Oliveira Pires e Avenida Lomanto Junior, todas essas mudanças foi no intuito de trazer uma melhor acomodação ao público que aqui presencia e o nome atual dado a esta festa da Micareta é “Jacofolia”.